quinta-feira, 15 de julho de 2010

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As roupas estavam jogadas pelo chão ;
Os sapatos longe de seus pares . Os perfumes e maquiagens postos sobre a penteadeira de vidro.
E ainda não lhe era suficiente.
As roupas pareciam não lhe servir ; Os sapatos eram grandes e ainda ficavam apertados ; As maquiagens claras ou escuras demais , e os perfumes não lhe cheiravam bem...
Seu cabelo não alisava o suficiente ,não brilhavam o suficiente . Seus traços eram disformes ,seu corpo desproporcional . Sua voz não era doce . Faltava-lhe a voz !
O espelho não parecia lhe ajudar. Nem os conselhos . Nem a razão.
Porque no fundo ,era ela quem não era "boa" o suficiente...

... e até ele sabia disso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

solipsismo

Viver é muito confuso. São muitas possibilidades. São muitas dúvidas.
É muita liberdade ; Tudo começa - ou termina - por uma escolha ,e a liberdade para fazer essa escolha é ilimitada. E é ai que mora a solidão. O solus ipso.
Seria tão mais fácil se algumas coisas não dependessem dessas escolhas e acontecessem naturalmente ,como a rotação da Terra...
Mas novamente ,é do complicado que me faço e desfaço ,que aprendo e desaprendo ,é do complicado que crio e existo.
A angustia apenas aumenta. O Destino , o futuro , o mundo... e eu aqui ,responsável por tudo isso ,e sem saber o que fazer. Cálculo ,cujo o resultado é eterno... Número por número. Coisa por coisa.
Entre tudo isso um quarto desarrumado ,com a janela e a porta fechadas. Com espelhos por toda a parte ,que refletem olhos intangíveis ,olhos de ressaca ,como ganchos negros que se fincam em almas.
E no final ,a confusa sou eu. A possibilidade sou eu. As dúvidas ,o mundo ,a solidão ,o quarto ,a porta e a janela ,os espelhos ,os reflexos... sou eu.
Tudo fui ,sou e serei.